Dirce Carneiro - Diana Gonçalves

Textos

Delírio de Poeta (Exercício)
Quero, em letra miúda assim dizer,
que há pouco por falar, eu acredito,
mas escrever teu nome é um prazer,
torna o traço e o papel bem mais bonito.

Letra a letra, eu desenho sem querer
o teu nome, mas sinto um esquisito,
um estranho torpor. O amanhecer
deixa assim, sempre o dito por não dito.

Feito prece, o teu nome assim entôo
aos céus feito oração doce e contrita,
num transe, sem saber então quem sou.

Homem poeta ou anjo em pleno vôo?
Só noto que a razão não é quem dita
teu nome nesse verso que ficou.

Amargo/Obed/Bartira/Paulo Camelo/Diana Gonçalves


***

Descrição do processo:

Amargo:Vamos tentar algo diferente, quem sabe linha a linha.
Quero, em letra miúda assim dizer,
Obed:que bem pouco sobrou para ser dito
Bartira:mas escrever teu nome é um prazer
Obed:torna o traço e o papel bem mais bonito.
Bartira: Letra a  letra eu desenho, sem querer
Paulo Camelo: o teu nome, mas sinto um esquisito
Bartira: um estranho torpor. O amanhecer
Mara Regina Weiss: deixa assim, sempre, o dito por não dito.
Obed: Feito prece, teu nome assim entôo
(Ressalva:  O vocábulo "dito" foi utilizado duas vezes na seqüência das rimas dos versos pares. Apesar de estarem em estrofes diferentes, a composição é um conjunto uno e, no caso, mesmo que remotamente, rimou-se "dito" com "dito".  Tenh dito! )
Diana Gonçalves: E ele sobe, feito u’a oração contrita
E nesse transe já não sei quem sou
(Sugestão para título: Delírio de poeta
Aceita rima pobre? Senão, podem alterar.
E assim aqui minha participação, eu quito. .)
Diana: (Sem prejuizo da continuação, postada acima, submeto a vocês os versos que fiz, dois do primeiro terceto e os últimos):
Quero, em letra miúda assim dizer,
que bem pouco sobrou para ser dito,
mas escrever teu nome é um prazer
torna o traço e o papel bem mais bonito.

Letra a  letra eu desenho, sem querer
o teu nome, mas sinto um esquisito,
um estranho torpor. O amanhecer
deixa assim, sempre o dito por não dito.

Feito prece, teu nome assim entôo
E ele sobe, feito u’a oração contrita
E nesse transe já não sei quem sou

Se anjo, poeta, homem, o quê?
Só sei que não é a razão quem dita
Esta lembrança que tenho de você.

Bartira: Sugestão para o verso da Mara:
é a mesma idéia (boa para o conjunto),
usando a rima da Diana:
deixa a mim esse verbo que não quito.

Obed:
A bem da verdade, o segundo verso que, por primeiro, utilizou o vocábuo "dito" é de minha lavra.  Creio que, por um mínimo de cavalheirismo, se alguma parte deva ser alterada, portanto, que seja a que eu mesmo fiz.

Além disso, a sempre positiva e sensível participação de Diana, trouxe dois tercetos com rimas diferentes entre si e, ligeiramente, desviou os acentos nas 6a. e 10a síliabas dessa composição em versos heróicos.  Contudo, o sentido do que quis expressar, preservou com muita graça e talento o conjunto do poema e, ainda, ofereceu um desfecho muito feliz.

Assim, se me permitem, irei alterar aquele segundo verso que eu mesmo sugeri, para preservar o verso de Mara e, ainda, modificarei a forma do que Diana disse para ajustar as rimas e acentos tônicos, mas preservando o graça e sensibilidade de sua contribuição ao tema (inclusive o título):

Delírio de poeta

Quero, em letra miúda assim dizer,
que há pouco por falar, eu acredito,
mas escrever teu nome é um prazer,
torna o traço e o papel bem mais bonito.

Letra a letra, eu desenho sem querer
o teu nome, mas sinto um esquisito,
um estranho torpor. O amanhecer
deixa assim, sempre o dito por não dito.

Feito prece, o teu nome assim entôo
aos céus feito oração doce e contrita,
num transe, sem saber então quem sou.

Homem poeta ou anjo em pleno vôo?
Só noto que a razão não é quem dita
teu nome nesse verso que ficou.

Paulo Camelo:
O conjunto ficou bom.
A mudança feita por Obed não alterou o sentido dos versos seguintes, que já haviam sido escritos. As sílabas tônicas estão nos seus lugares, como esperado. O sentido geral do soneto existe e está bem concatenado. Em suma, um belo exercício.
Sugiro agora que persigamos o ritmo holístico, ou seja, que o soneto seja ritmado em seu todo, e não verso a verso.
Para que possamos chegar a bom termo, há algumas limitações que vou listar.
Um verso terminado por paroxítona obrigatoriamente chamará uma vogal no verso seguinte.
A paroxítona plural no fim do verso dificulta tal construção, a não ser que (e aí é tese que defendo) o verso seguinte assuma para si aquela sílaba do anterior.
Só para sentirem como é trabalhoso perseguir o ritmo holístico.
Mas o produto é prazeroso.

Diana: Obrigada pelas lições, mestres sonetistas, de tudo, concluí que preciso aprender muito sobre soneto, principalmente na acentuação, no que tenho muita dificuldade. A métrica eu consigo, mas manter uma acentuação, requer muita caminhada e talvez, vocação para este segmento da poesia.

Se não atrapalhar vocês, de vez em quando eu participo, com meus versos passíveis de correção, sempre.

Obrigada
Diana


01/02/2008
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 03/02/2008
Alterado em 17/11/2009


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