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OS MITOPOETRIX DE XIMO *Ximo Dolz (Prof. Joaquim Dolz – Universidade de Genebra)
Ximo não sabe nada ou muito pouco dos povos indígenas do Brasil. Escreve de longe como um jogo para aprender. Os povos indígenas do Brasil guardam, em suas línguas, rituais e mitos, uma das mais antigas formas de compreender o mundo. Cada ser, cada rio, cada árvore e cada espírito tem voz, tem presença e memória. As narrativas orais que atravessam gerações não são apenas histórias: são mapas de sabedoria, códigos éticos e formas de estar no mundo em profunda relação com a natureza. Este pequeno conjunto de poemas nasce do desejo de escutar essas vozes ancestrais, as vozes da floresta, e de transformá-las em linguagem poética, acessível, respeitosa e simbólica. Aqui se reúnem personagens míticos de diferentes etnias, como os Guarani, Tupinambá, Yanomami, Tukano, Kayapó e outros povos originários que resistem e recriam suas tradições em meio a desafios antigos e novos. Para escrever os Poetrix, teve que se documentar. Tupã, Maíra, Boiúna, Yebá Bëló, Omama… Cada nome carrega consigo uma força: a criação, o mistério, o equilíbrio, a cura, o desafio. Ao transformar esses mitos em versos, este trabalho não pretende “traduzi-los”, mas sim ecoar, com humildade e poesia, a sabedoria viva dos primeiros povos do Brasil. Ximo Dolz (Prof. Joaquim Dolz - Universidade de Genebra - Suíça)
1. MITOPOETRIX INDÍGENA
eco das vozes da floresta universo esquecido ser um com a natureza
Ximo Dolz
2. RIO AMAZONAS
não só água ouço cantam mitos esquecidos memória nas curvas do tempo
Ximo Dolz
3. DEUS TUPÃ
é vento, é raio, é trovão vive sem viver em nós mistério em cada som
Ximo Dolz
4. MAÍRA
herói Tupinambá guardião da arte de viver desafio: meu bem querer
Ximo Dolz
5. IRMÃOS KUAT E LAE
luz do mundo, Kuat. lua da noite, Iae. dançam no céu na pele da escuridão
Ximo Dolz
6. YEBÁ BËLÓ
experiência ancestral saber de vovó que tece o mundo fios de tempo ritual
Ximo Dolz
7. OMAMA
ouço os espíritos do mato voz no canto dos xamãs pai
Ximo Dolz
8. KARAI
fogo sagrado dança nas brasas, fala na fumaça sem ele estou perdido
Ximo Dolz
9. BOIÚNA
serpente poderosa do rio sombra desliza sedução nas águas profundas
Ximo Dolz
10. JAKIRA
vem sopro suave espírito do ar e da cura meu corpo doente quer ouvir
Ximo Dolz
11. ANHANGÁ
olhos de fogo na mata guardião dos bichos antídoto vivo de quem mata sem alma
Ximo Dolz
12. CANTO DA FLORESTA
vozes do vento mitos que ensinam vida tecer tempo com linhas de memória
Ximo Dolz
13. VOZES INDÍGENAS PERSISTEM
Kuat brilhou o primeiro dia Jakaira soprou minha cura Karai acendeu meu verbo
Ximo Dolz
14. MITOPOETRIX FINAL
o mito não passou, respira a floresta não dorme, escuta quero dançar a vida
Ximo Dolz
___________________________________ *Ximo Dolz, nome poético do Professor Joaquim Dolz, pesquisador e professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra – Suíça. Professor de Didática de línguas e formação de professores. Codiretor do Grupo de Pesquisa e Análise do Francês Língua Materna (GRAFE). Tem pesquisas sobre o Ensino de Línguas em contexto multilíngue; Didática de gêneros orais e escritos: Análise das interações didáticas e objetos de ensino e Formação de alunos em uma perspectiva didática. É autor de estudos diversos no assunto, entre os quais, seu livro, Gêneros Orais e Escritos na Escola, junto com Scheneuly, é um marco na área. Desde 2023 Ximo Dolz se interessou pela forma minimalista de Poesia, não só como objeto de pesquisa e estudo, mas também como praticante do Poetrix, forma usada para compor os poemas desta série. É membro do Grupo Selo Poetrix, a partir da data citada, onde aprendeu e agora até ensina e debate sobre este gênero textual criado no Brasil. Tem poemas publicados no Blog da Academia Internacional Poetrix – AIP. ___________________________________________ Organização – revisão Dirce Carneiro Cadeira 26 da Academia Internacional Poetrix
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 01/05/2025
Alterado em 01/05/2025 Comentários
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