Imagem
Existe uma distância entre o que sinto e penso e o que demonstro. Nesse espaço vazio, onde pessoas deitam interpretações, é que germinam mal-entendidos. Instala-se aí um espelho e quem olha se vê refletido, reverberando, no espectador, traços da sua própria imagem. E aquele que olha e fala, pensa que diz de mim, mas descreve a si mesmo. O enorme vácuo às vezes predomina, tornando ainda maior a distância entre mim e o outro. Então ele se projeta e de tal forma, que se vê confundido com o espaço que o envolve. Ele pensa que vê o outro, mas está vendo o espectro de si mesmo que toma conta dele de maneira que não é capaz de se ver separado. Nessa esquizofrenia, o ator desse ato chora, porque num lampejo de lucidez, já não sabe se o que vê é ele ou o outro, de quem desejaria falar. Chora a identidade perdida, chora a história não contada, chora este vazio tornado cheio do que já não sabe ser mentira ou verdade. E eu choro sem ninguém entender o porquê. Choro pela loucura instalada e por saber que a comunicação não acontece nem se dará. 19/08/2007
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 24/01/2008
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