Dirce Carneiro - Diana Gonçalves

Textos


Imagem IA, plataforma Canva, por Diana Pilatti 

HOBBIT (cadavre exquis - surrealismo) Grupo Selo Poetrix

 

 

HOBBIT

(Cadavre-exquis/Poema coletivo surrealista)

Grupo Selo Poetrix*

 

 

Dois dedos de prosa viajam ao vento,

espio a fúria das mangas doces no telhado.

Um cheiro rascante tira a paz dos aromas,

nuvem transborda no pomar de uvaias.

Bromélias despem seus pelos,

sempre-vivas dormem nas pedras.

Cascatas de luz desabam

no silencioso manto do rio,

resquícios de sol invadem a casa,

luz ilumina sombras...

Debaixo da amendoeira,

um caroço de manga.

Devorei o ontem com sagacidade,

ele sorria, parecia zombar de mim,

nunca esquecida serei...

Grãos de areia, eu sou ventania,

peixe da maré vivo,

potência de exponente 2.

Vivo no âmago do timo,

na corola de algum cravo,

na contramão das coisas...

Hoje o tempo voa, não cabe se arrepender.

No futuro, o passado costuma assombrar:

sonhei com o saco, os ossos, a saga...

Sorve a alma ébria,

gotejando desejos vis...

Quero ver um Hobbit escrever um Poetrix

com giz amarelo na calçada da sua toca.

Em tempos de vazios, cansaços...

O corpo descansa sobre o leve regaço.

Vire a página e permita-se viver.

 

 

Janeiro de 2025

Coordenação de Dirce Carneiro

(Férias – Grupo Selo Poetrix)

 

 

*Criação coletiva dos poetas do Grupo SELO POETRIX: Andréa Abdalla, Dirce Carneiro, Gilvânia Machado, José de Castro, Márcia Tigani (convidada), Margarida Montejano, Marianne Sobreira, Marília Tavernard, Marli Froes, Paula Cobucci, Taciana Costa, Tânia Souza, Valéria Pisauro, Vera Azevedo, Ximo Dolz. 

Foi necessário encerrar as inscrições antes do prazo para o poema não ficar muito grande. Gratidão a todos.

 

Atividade de férias do Grupo Selo Poetrix, proposta e coordenada por Dirce Carneiro. Praticamos o minimalismo (Poetrix) duranto o ano, mas também apreciamos o estudo e experimentalismo em outras vertentes, por isso propomos este jogo surrealista para estas férias, nos divertimos e acima de tudo, nos surpreendemos com o resultado. Literatura em foco. Gratidão a todos os participantes.

Sobre o cadavre exquis (cadáver delicado ou cadáver esquisito em português), o nome dessa atividade/jogo tem origem no verso inicial do primeiro poema feito pelos surrealistas: Le cadavre exquis boira le vin nouveau (O requintado cadáver deve beber o vinho novo).

 

SOBRE O CADAVRE EXQUIS (CADÁVER DELICADO/CADÁVER ESQUISITO)

Cadáver esquisito é um jogo coletivo surrealista inventado por volta de 1925 na França.

No início do século XX, o movimento surrealista francês inaugurou o método do que ficou conhecido em português como cadáver esquisito, (do francês cadavre exquis, i.e., cadáver delicioso) que subvertia o discurso literário convencional.

É uma forma de organizar uma criação coletiva com ênfase na aleatoriedade. Ele foi jogado pela primeira vez em Paris, pelos artistas Yves Tanguy, Jacques Prévert, André Breton e Marcel Duchamp. Entre os presentes estavam Frida Kahlo, Joan Miró, Man Ray, e outros.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cad%C3%A1ver_esquisito

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/09/28/Como-funciona-o-jogo-%E2%80%98cad%C3%A1ver-esquisito%E2%80%99-t%C3%A9cnica-de-surrealistas

O nome é derivado de uma frase que resultou quando os surrealistas jogaram o jogo pela primeira vez, “Le cadavre exquis boira le vin nouveau”. (“O requintado cadáver deve beber o vinho novo”.)

André Breton escreve que o jogo se desenvolveu na residência de amigos em uma antiga casa na rue du Château (não existente). No começo estavam Yves Tanguy, Marcel Duchamp, Jacques Prévert, Benjamin Péret, Pierre Reverdy e André Breton. Outros participantes provavelmente incluíram Max Morise, Joan Miró, Man Ray, Simone Collinet, Tristan Tzara, Georges Hugnet, René Char e Paul e Nusch Éluard.

Henry Miller muitas vezes participou do jogo para passar o tempo em cafés franceses durante a década de 1930.

 

 

EM PORTUGAL:

Os surrealistas portugueses recuperaram o cadáver esquisito, assim como outros jogos sujeitos às regras do automatismo e da actividade colectiva, directamente do movimento francês, e praticaram-nos activamente, tanto em expressões plásticas como literárias, indo do desenho a quadros de grandes porporções, e da simples frase ao poema extenso. Chegaram a alcançar uma riqueza e variedade maiores do que as que se podem encontrar entre os surrealistas franceses,[3] como o demonstra, em parte, a antologia publicada por Mário Cesariny (ver ref. 1).

A este propósito escreveu Ernesto Sampaio:[4]

Extremamente heterodoxo, o cadáver esquisito surrealista sobrevive ao suplício infligido pela roda infatigável do hábito e da rotina através do humor, da poesia e da imaginação, conciliando a expressão individual com a expressão colectiva numa síntese concreta onde os sinais maiores são a liberdade e o amor.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cad%C3%A1ver_esquisito#Em_Portugal

 

“Cadavre Exquis”… o Surrealismo na sala de aula.

Out 28, 2019

O Cadavre Exquis é um jogo coletivo de imaginação, praticado pelos surrealistas no início do século XX. O movimento surrealista francês – movimento literário, filosófico e artístico que explorou o funcionamento da mente, defendendo o irracional, o poético e o revolucionário – inaugurou o método cadavre exquis, que subvertia o discurso literário convencional. Um primeiro jogador escrevia uma palavra num papel e dobrava-o; o segundo escrevia uma outra e voltava a dobrar e assim sucessivamente. A seguir, desdobravam o papel e descobriam uma frase. O nome surgiu de uma frase que resultou quando o exercício foi realizado pela primeira vez: “cadavre exquis boira le vin nouveau”.

Em artes visuais, este exercício consiste na realização de um desenho coletivo, sem que nenhum dos intervenientes saiba o que os outros fizeram, aproveitando apenas os traços de ligação – pistas – deixados sobre as dobras do papel. Ao desdobrar, verifica-se a relação inesperada entre as figuras desenhadas.

Na disciplina de educação visual, os alunos do 6.º ano exploraram as subtilezas do Cadavre Exquis como uma abordagem ao desenho coletivo. Uma experiência que originou vinte e duas composições que se encontram atualmente em exposição na sala de educação visual do 2.º ciclo.

https://www.lusofrances.pt/cadaver-esquisito-o-surrealismo-na-sala-de-aula/

 

DIANA GONÇALVES e Dirce Carneiro e poetas do Grupo Selo Poetrix em atividade de férias
Enviado por DIANA GONÇALVES em 08/01/2025
Alterado em 13/01/2025


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras