TAÇA INGLÓRIA
A noite entrou e não há lua nem estrelas. Os símbolos, as letras e o canto são meros bibelôs. Sonhos repousam num barco, no fundo do mar. Águas turvas agitam o mar, há vermelho borbulhando E não é o néctar vital correndo nas veias do oceano. É o sangue das artérias do corpo desfeito, Das palavras surdas, É o sangue da insensatez e da vileza. Casacas brindam o luto cravado nos corações de muitos. São loucos, tolos. Nada a celebrar. Não há ganho. Perdeu-se o elã do mapa desenhado. Não pode haver brinde Quando a conquista é vil. Quando se cravou um punhal na crença. Lá fora...aqui dentro...não há regozijo. Os que brindam o fazem olhando para as masmorras, para as correntes, para o corpo infantil prostituído, para corpos aviltados, para os que dormem na sarjeta, para o nosso ouro que se foi E que ainda irá. Não há ganhos. Quando se é um, a vitória é de todos... E a derrota também.
Que será? 02/08/2016 DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 02/09/2016
Alterado em 30/11/2020 |