Uma das recomendações para curar qualquer frustração é fazer compras.

Sofreu uma desilusão amorosa? Aquele negócio da china não deu certo? O sonho acalentado durante anos a fio mostrou-se inviável?  A sentença no processo que se arrastava foi desfavorável? O filho ficou para recuperação? O regime para emagrecer fracassou? Seu candidato perdeu as eleições? O representante máximo do seu país foi vaiado diante de milhões de telespectadores?  O povo responde “oi” toda vez que o representante da entidade esportiva, que fala espanhol, pronuncia a palavra “hoy”, que significa hoje? O ladrão levou sua jaqueta comprada com seu primeiro salário?

Se nada disso tiver conserto, os especialistas recomendam ir às compras, nem que seja para comprar um sorvete, comer um doce.

O perigo é fazer compras de supermercado nesse estado de frustração. Corre-se o risco de super-dimensionar as necessidades domésticas ou ceder à tentação das ofertas colocadas estrategicamente para catapultar os desprevenidos.

Existem graus, sempre segundo os especialistas, de satisfação para as frustrações. Um shoppingcenter ocupa a classificação mediana no gráfico das opções. Do mais simples gesto ao mais sofisticado, dependendo do quanto se está disposto a gastar com essa terapia ou loucura para aliviar nossa dor, seja ela de cotovelo, inveja, impotência, revolta, rejeição ou mesmo de origem desconhecida. Para os mais abonados, desde a compra de um novo apartamento, um carro, um iate, uma viagem ao exterior, uma reserva para a próxima excursão da NASA ao espaço.

Tudo parece válido para convencer nosso cérebro do contrário que ele teima em repetir sem dó nem piedade: “Você fracassou”. E aquele lindo vestido, que veste com um toque macio o corpo doído, o sapato de pelica ou a bota de cano alto que ficará guardada esperando um inverno rigoroso, são lenitivos que ajudam a dar a volta por cima numa situação em que todos os dedos em riste parecem apontados para nós.

E o que dizer de um dia num spa sendo tratada como princesa? Banho de espuma, regado a chocolate, pétalas de rosa, leite de cabra. Por que de cabra? Ora você não ia querer que um momento tão especial fosse regado com leite tipo C, de saquinho, não?

Quer saber outra maneira de curar frustrações sem gastar nem um tostão? Simples, fácil, criativo e resolve do mesmo jeito: escreva uma crônica para publicá-la no Recanto das Letras.


14/07/2007