Dirce Carneiro - Diana Gonçalves

Textos

PÓS-MODERNISMO - GRACILIANO RAMOS
GRACILIANO RAMOS

* 1892 – Quebrângulo – Alagoas
+ 1953 – Rio de Janeiro

VIDA
- Filho de comerciante e ligado a família de fazendeiros peregrinou, na infância, pelo interior de Pernambuco e de seu Estado Natal.
- Iniciou os estudos em Maceió, mas não chegou a completá-los.
- Fixou-se por algum tempo em Palmeira dos Índios, aventurando-se ao Rio de Janeiro, retornando a Palmeira dos Índios que daria, juntamente com os sertões do nordeste, cenários e tipos para seus romances.
1926 – elaboração de Caetés, tendo como ambiente Palmeira dos Índios onde foi prefeito.
1930 – muda-se para Maceió – Diretor da Imprensa Oficial do Estado – 1933-1936.
- datam dessa época a elaboração de São Bernardo e Angústia.
- envolvido com acontecimentos políticos é preso sob acusação de comunismo (ideologia a que adere mais tarde).
- é remetido para Pernambuco e depois para o Rio de Janeiro. Nessa época colhe material para Memórias do Cárcere, o mais impressionante depoimento sobre a reação anti-popular desencadeada com os acontecimentos de 1935.
- durante o período de prisão lança Angústia – 1936.
- em seguida lança-se à elaboração de Vidas Secas.
- às vésperas da morte visita os países socialistas (Checoslováquia-URSS) e escreve a propósito Viagem, de publicação póstuma.

OBRAS

ROMANCES (FICÇÃO)
Caetés – 1933 – escrito sete anos antes, quando prefeito de Palmeira dos Índios cujo ambiente e tipos são nela fixados.
São Bernardo – 1934 – ambiente de Viçosa – tendência à análise psicológica sem anular a regionalidade.
Angústia – 1936 – traços autobiográficos, tendência psicológica.
Vidas Secas – 1938 – deixa entrever traços biográficos.
Dois Dedos – 1945
Insônia – 1945
Histórias Incompletas – 1946


LITERATURA INFANTIL, MEMÓRIAS E VIAGENS
A Terra dos meninos Pelados – 1939
Histórias de Alexandre – 1944
Infância – 1945 – livro autobiográfico
Memórias do Cárcere – 1953 – experiência vivida na prisão do Rio de Janeiro – quatro volumes
Viagem (Checoslováquia – URSS) – 1945
Linhas tortas – publicação póstuma – 1962
Viventes das Alagoas – 1962 – p.póstuma
Alexandre e outros Heróis – 1962 – publicação póstuma



CARACTERÍSTICAS
1 – linguagem bem cuidada, uma exceção dos regionalistas da década de 30, o que o coloca ao lado de Machado de Assis como um clássico da nossa língua.
2 – afinidades com Machado de Assis: sobriedade, clareza, precisão, economia de termos, estilo enxuto, seco. No entanto, não tem a elegância e a classe de Machado, ao contrário, usa a prosa agressiva, áspera e às vezes dura, ao modo da fala rude dos sertanejos nordestinos.
3 – sua linguagem é despida de todo ornato inútil e nela o romancista nos projeta numa paisagem humana, desolada, formada por sub-homens, seres como bichos acuados, condicionados pelo sentimento fatalista (Antonio Cândido).
4 – não existe o pitoresco da paisagem física e dos costumes.
5 -  sua preocupação central é o homem onde projeta a região, daí a tendência psicológica de Angústia e São Bernardo,  psicologismo que não anula o regional.
6 – na análise do homem está implícita a da região, uma vez que esta se projeta nas feições físicas e nas reações dos personagens.
7 – obra subordinada aos limites da sua experiência pessoal, principalmente sertaneja.
8 – pela aproximação entre os romances e o livro de memórias Infância, nota-se o ficcionista preso em grande parte à percepção inicial do seu mundo, durante a infância e adolescência.
9 -  aspectos da paisagem do Nordeste agreste, zonas agro-pecuárias, em ligação com pequenos centros urbanos.
10 - retrato fiel do caboclo sertanejo  com sua consciência  embotada, condição sub-humana, inteligência rala,  as suas reações resultantes de reflexos condicionados, por sua vez determinados pelas relações do homem com a própria paisagem e pela passividade ante os poderosos.
11 -  investiga o sentido de um sentimento de um destino coletivo – dando a medida do homem telúrico no seu estado primário, autômata e indiferente, nivelando-se com animais, árvores e objetos.
12 – outro tipo de sertanejo – trágico e fatalista, frio, com determinação inabalável, aceitando como inevitáveis os fatos consumados.
13 – fazendeiro poderoso e único, que se enfraquece por causa da desarticulação do sistema de mandonismo tradicional ou por causa de um drama pessoal.
14 – visão dos conflitos interiores do homem urbano, afogado no cotidiano, arrastado à tragédia dos atos passionais.
15 – na sua obra o social não prevalece sobre o psicológico, embora não saia diminuído.
16 - Graciliano Ramos dá uma dimensão universalista à pesquisa regionalista em sub-regiões nordestinas, superando a atitude de simples relato ou depoimento
17 - suas Memórias do Cárcere, experiência vivida na prisão do Rio de Janeiro aproxima-se  das Recordações da Casa dos Mortos, de Dostoieviski, pela densidade dramática e retrato percuciente da situação e dos protagonistas.



Apontamentos para Vestibular  
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 27/05/2007


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