Dirce Carneiro - Diana Gonçalves

Textos

NATURALISMO - EUCLIDES DA CUNHA
EUCLIDES DA CUNHA
EUCLIDES RODRIGUES PIMENTA DA CUNHA
* 1866 – Cantagalo – Rio de Janeiro
+ 1909 – Rio de Janeiro – tragicamente, assassinado, no auge do prestígio intelectual e literário

VIDA
- foi abolicionista, republicano ardoroso, jornalista (O Estado de São Paulo) engenheiro, escritor

1884 – Cursa a Escola Politécnica
1884 – Cursa a Escola Militar
1888 – Desligado da Politécnica por ato público de rebeldia contra o Ministério da Guerra
- é republicano ardoroso
1889 – reintegrado no Exército
1896 – reforma como capitão
- Engenheiro de obras públicas
1899 – correspondente do jornal O Estado de São Paulo na Campanha de Canudo, arraial do Sertão da Bahia
- sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
- chefe da missão brasileira encarregada da demarcação das fronteiras do Alto Purus, sobre o que  escreve Peru versus Bolívia
- Adido ao Gabinete do Barão do Rio Branco
- concorreu com Farias Brito (e outros) à cadeira de Lógica do Colégio Pedro II, apesar do segundo lugar foi nomeado com a lei facultativa devido ao prestígio e à influência do Barão do Rio Branco
- Sócio da Academia Brasileira de Letras
1909 – morre assassinado

OBRAS
- Os Sertões – 1902 – obra prima
- Relatório da Comissão Mista Brasileira-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus – 1906
- Castro Alves e seu Tempo – conferência – 1907
- Peru versus Bolívia – 1907
- Contrastes e Confrontos – 1907

PUBLICAÇÕES PÓSTUMAS
- À Margem da História – 1909, com o célebre artigo Judas Aasverus
- Cartas de Euclides da Cunha a Machado de Assis – 1931 – colegidas por Renato Travassos
- Euclides da Cunha e seus Amigos – 1938 (Epistolário coligido e anotado por Francisco Venâncio Filho)
- Canudos – 1939 – Diário de uma expedição (artigos – 1896)

OS SERTÕES
- originou-se da Campanha dos Canudos, movimento de repressão contra fanáticos guiados por um chefe messiânico, Antonio Maciel,  O Conselheiro, da qual Euclides da Cunha participou como repórter do Estado de São Paulo.
- movimento esmagado pelas Forças Armadas. Por isso é um livro corajoso, pois mostra a verdade dos fatos

- o depoimento tem intenção social, mas pertence à Literatura pela força criadora do estilo que transcende o objeto e deixa de ser apenas instrumento para tornar-se também realidade e pela maneira quase visionária de apresentar a realidade

- é o primeiro em nossa história intelectual que trata de um fato contemporâneo com rigor interpretativo da ciência procurando referi-lo às condições que o produziram

- Euclides da Cunha é, então, o iniciador de uma interpretação do Brasil, fundada no conhecimento direto e exato da verdadeira situação do homem e da terra. Nos Sertões, passa sempre um sopro de vida, calor humano e tem uma consistência literária perdurável, apesar das tortuosidades do estilo e das impropriedades de alguns conceitos
(Nelson Verneck Sodré)

- inspirado no Determinismo (Positivismo – Auguste Comte) racionalista do Século XIX, o qual estava na moda, Euclides da Cunha procura mostrar que os sertanejos de Canudos não eram culpados como criminosos mas que foram produto inevitável de um conjunto de fatores geográficos, raciais e históricos. Decerto produziu uma sociedade isolada, abandonada pelos governos, formada pela mistura do branco, índio, negro, separada do litoral pelo espaço e pelo atraso de séculos

- a miséria e o atraso é que fazem surgir fenômenos de delírio  coletivo e os componentes primitivos de mestiçagem vêm à tona e os indivíduos condicionados pela constituição nervosa tornam-se líderes

- exprimindo o primitivismo, um choque com as imposições de uma civilização que não os alcança senão para os perturbar

- Euclides da Cunha mostra como os representantes desta civilização falharam na compreensão do fenômeno, agindo com brutalidade cega

Seguindo o esquema determinista, o livro divide-se em três partes:

1 – A Terra  - as condições geográficas, a descrição e análise do meio físico

2 – O Homem – oriundo da sociedade mestiça, seus costumes e o guia religioso que surgiu. Pela primeira vez, o jagunço, mameluco indióide das zonas nordestinas, era fixado na literatura, nos seus traços antropológicos e sociais, dentro da natureza agreste das caatingas, com um rigor excepcional (Djacir Menezes)

3 – A Luta – o conflito entre a sociedade rústica e a urbana no caso de Canudos (Narra as quatro expedições)


CRÍTICA – OS SERTÕES

- obra que abriu nova fase nos estudos brasileiros, desvendando com violência e pessimismo o contraste de culturas que marca a nossa civilização
- sob o aspecto literário, a influência do seu estilo foi em geral má
- pomposo e tenso, pende para o mau gosto e o desequilíbrio, sendo às vezes obscuro  no excesso vocabular. Ao contrário dos imitadores e graças ao talento expressivo fora do comum, Euclides supera estes defeitos, dissolvendo-os na integridade nobre e heróica da sua visão moral e social

- Os Sertões é um misto de ensaio de sociologia, geologia, história, ficção, reportagem, depoimento
- um romance-poema – epopéia no qual predominou o sentimento trágico
- o que avulta na obra, como arquitetura e como construção, é o caráter de narrativa, ficção, de imaginação (Afrânio Coutinho, a propósito de a crítica moderna inclinar-se a considerar Os Sertões como obra de ficção)

- sociologia, etnografia, antropologia
- evidenciação dos valores morais do homem telúrico brasileiro – seringueiro, sertanejo, gaúcho.
- frase: “O sertanejo é antes de tudo um forte”
- cientificamente em alguns aspectos a obra é superada
- visou uma interpretação da nova realidade antropocultural
- Os Sertões é considerada uma obra de ficção pré-modernista

- Os Sertões foi desmistificado por Monteiro Lobato



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DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 18/05/2007
Alterado em 19/05/2007


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