PARNASIANISMO NO BRASIL
1878 - Corrente literária surgida como reação contra o Romantismo, que se manifestou inicialmente na poesia – é a Batalha do Parnaso, ante a constatação de muito verso mal feito.
Antecedentes: 1868 – surge Cantos do Fim do Século, de Silvio Romero 1883 - Martins Júnior (1860/1904) com teoria sobre A poesia Científica Na prática, escreve Visões de Hoje - 1881 e Estilhaços em 1885 Ideário: 1 – pregava a “idéia nova” – república fraternal - socialismo utópico - justiça 2 – poesia científica - temas divulgados pela ciência e filosofia naturalista: evolução, luta pela vida, visão dos ciclos históricos 3 – Realismo: - abandono das visões ideais - abandono dos eufemismos sobre o amor - descrição mais direta do corpo e dos desejos Origem: França 1866 – o editor Lemerre reúne numa antologia a produção de poetas de tendências várias na Revista Literária Francesa, um folhetim e mais tarde um movimento que se chamou Parnaso Contemporâneo, do qual faziam parte Théophile Gautier, Théodore Banville – a forma apresentava certo malabarismo formal - François Coppé – apresenta o realismo miúdo da vida cotidiana - Sully Prudhomme – alegoria filosófica - Leconte de Lisle – poesia histórica e descritiva. Encarnou por excelência a nova corrente. Preferência de temas sobre antiguidade histórica e povos orientais, bárbaros. Cuidado formal através do verso bem ritmado, vocabulário raro e preciso, enfeites plásticos e sonoros, capazes de impressionar os sentidos. - Charles Baudelaire – poeta de extrema complexidade - Theophile Gautier – romântico que pregava princípios de rigor na composição, sugestão plástica, queda do subjetivismo e individualismo. A doutrina Parnasiana encontra em Theophile o seu grande apóstolo. A beleza deve ser alcançada através de trabalho pertinaz que trate a palavra como objeto e não como um mero automatismo da inspiração. É a doutrina da ARTE PELA ARTE. Arte tendo como finalidade a criação da beleza. - influência no Brasil principalmente Gautier e Catulle Mendes sobre Bilac e Alberto de Oliveira. - Bilac faz Profissão de Fé no prefácio de As Poesias, sob influência de Gautier e sua obra L’Art, onde condensava uma espécie de manifesto Parnasiano. CARACTERÍSTICAS: 1 – Perfeição da forma = culto da forma 2 – Objetivismo marcado pelo cientificismo 3 – Impassibilidade 4 – Artes Plásticas 5 - Arte pela Arte 6 – Precisão 7 – Correção absoluta da linguagem 8 – Moderação no emprego de figuras de ornamento 9 – Musicalidade nos versos adquirida principalmente na variedade de vogais 10 – Emprego de rimas raras 11 – Verso alexandrino francês de 12 sílabas 12 – Culto da Antiguidade 13 – Ideal de beleza apolínio – Apolo, que morava no Monte Parnaso. Apolo, ideal de beleza equilibrada 14 – Escola Parnasiana no Brasil é representada pela TRINDADE PARNASIANA: OLAVO BILAC, ALBERTO DE OLIVEIRA, RAIMUNDO CORREIA e ao lado deles Vicente de Carvalho 15 – No Brasil nota-se um filete Romântico debaixo das formas esculturais da Escola 16 – Mostraram-se realmente impassíveis, com raras exceções, Alberto de Oliveira e Francisca Júlia. AUTORES DO PARNASIANISMO NO BRASIL - Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Olavo Bilac), Antonio Mariano Alberto de Oliveira (Alberto de Oliveira), Vicente Augusto de Carvalho (Vicente de Carvalho) e outros. EXEMPLO DE TEXTO PROFISSÃO DE FÉ, DE OLAVO BILAC Le poète est cise1eur, Le ciseleur est poète. Victor Hugo. Não quero o Zeus Capitolino Hercúleo e belo, Talhar no mármore divino Com o camartelo. Que outro - não eu! - a pedra corte Para, brutal, Erguer de Atene o altivo porte Descomunal. Mais que esse vulto extraordinário, Que assombra a vista, Seduz-me um leve relicário De fino artista. Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor. Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro. Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel. Corre; desenha, enfeita a imagem, A idéia veste: Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem Azul-celeste. Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim. Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Sem um defeito: E que o lavor do verso, acaso, Por tão subtil, Possa o lavor lembrar de um vaso De Becerril. E horas sem conto passo, mudo, O olhar atento, A trabalhar, longe de tudo O pensamento. Porque o escrever - tanta perícia, Tanta requer, Que oficio tal... nem há notícia De outro qualquer. Assim procedo. Minha pena Segue esta norma, Por te servir, Deusa serena, Serena Forma! Deusa! A onda vil, que se avoluma De um torvo mar, Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma Deixa-a rolar! Blasfemo, em grita surda e horrendo Ímpeto, o bando Venha dos bárbaros crescendo, Vociferando... Deixa-o: que venha e uivando passe - Bando feroz! Não se te mude a cor da face E o tom da voz! Olha-os somente, armada e pronta, Radiante e bela: E, ao braço o escudo, a raiva afronta Dessa procela! Este que à frente vem, e o todo Possui minaz De um vândalo ou de um visigodo, Cruel e audaz; Este, que, de entre os mais, o vulto Ferrenho alteia, E, em jato, expele o amargo insulto Que te enlameia: É em vão que as forças cansa, e â luta Se atira; é em vão Que brande no ar a maça bruta A bruta mão. Não morrerás, Deusa sublime! Do trono egrégio Assistirás intacta ao crime Do sacrilégio. E, se morreres por ventura, Possa eu morrer Contigo, e a mesma noite escura Nos envolver! Ah! ver por terra, profanada, A ara partida E a Arte imortal aos pés calcada, Prostituída!... Ver derribar do eterno sólio O Belo, e o som Ouvir da queda do Acropólio, Do Partenon!... Sem sacerdote, a Crença morta Sentir, e o susto Ver, e o extermínio, entrando a porta Do templo augusto!... Ver esta língua, que cultivo, Sem ouropéis, Mirrada ao hálito nocivo Dos infiéis!... Não! Morra tudo que me é caro, Fique eu sozinho! Que não encontre um só amparo Em meu caminho! Que a minha dor nem a um amigo Inspire dó... Mas, ah! que eu fique só contigo, Contigo só! Vive! que eu viverei servindo Teu culto, e, obscuro, Tuas custódias esculpindo No ouro mais puro. Celebrarei o teu oficio No altar: porém, Se inda é pequeno o sacrifício, Morra eu também! Caia eu também, sem esperança, Porém tranqüilo, Inda, ao cair, vibrando a lança, Em prol do Estilo Apontamentos para Vestibular 23/04/2007 Leitor, seu comentário é muito importante, obrigada.
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 23/04/2007
Alterado em 06/10/2007 |