QUERO ESTE HOMEM

Que me proteja, me afague. Que pense lógico. Que não me falte. Presente na encruzilhada, nas cruciais horas. Que me salve de armadilhas, escaramuças. Que não me abandone, desprotegida. Que me ofereça convivência pacífica,  em harmonia. Capaz de lutar até  morrer, sem covardia. Enfrentar exércitos em desvantagem, vencer ou perder – não importa. Galardão maior é a valentia. Seja este homem minha vitória.
Que venha alado, fuja comigo. Me mostre um mundo desconhecido.
Quero um homem cuja frente seja lorde, porém no verso nú, sem a carcaça,  revele o ancestral primitivo - forte, inventando o fogo, esfregando a pedra, brandindo a lança, remetendo a flecha, abatendo a caça.
Quero este homem repousando no meu leito, refazendo as forças, esquecendo a guerra, rendido na cama, contando louros, com o sinal alerta.
Quero chamar de querido este ser complexo, de palavra certa, pontual, terno, intelectual, de definido sexo.
Que me acorde com palavras doces, não me divida, deixando-me livre para fazer duas coisas. Que me mande flores. Me faça versos. Que fale `a nobreza obriga`. Me abra a porta, para passar primeiro.    
Que me venha este amado, sem medo de se jogar na vida.
Quero um homem que se poste não ao meu lado, atrás ou encima de mim, nem do lado oposto.
Se não for possível, que seja meu alterego – pai, filho, mestre, amante, irmão. Arquétipo de macho antigo.
De preferência bem aqui, dentro de mim, no outro lado do meu cérebro.

04/08/2005