VIVA A DEMOCRACIA!
Sábado, 2 de julho. Saímos para caminhar, eu e Rute. Consolação, Angélica, Shopping Higienópolis, Dona Veridiana. Consolação. Trânsito parado. Um alvoroço de policiais fechando o trânsito. Uma viatura passa quase atropelando pedestres. Será Itamar indo para Juiz de Fora? Será passeata de policiais reivindicando melhores salários? Será a Presidente Dilma em São Paulo? O Governador Alckmin? Os professores? Os médicos? Os funcionários públicos? Os sem teto? Marcha para Jesus? Pelo aparato policial, parecia passeata dos militares.
Atravessamos correndo a avenida e nos protegemos na porta de uma farmácia, enquanto tentávamos compreender o que acontecia. Logo ficamos sabendo. Era a passeata a favor da maconha. Legalização, livre plantio, abaixo a repressão, paz e amor, viva o verde, libera a erva – muitos eram os cartazes levados por integrantes, a maioria jovens. Resolvemos seguir nosso caminho, passados os militantes. Claro, o assunto dominou nossa conversa durante o trajeto. Falávamos o quanto qualquer vicio é prejudicial à saúde, às famílias, à sociedade. Se não era conflituoso o fato de policiais terem, por um lado, que prenderem traficantes envolvidos com drogas e armas e por outro lado, protegerem a marcha a favor da maconha. Uma jovem que passava pediu licença para intervir na conversa, argumentando que a legalização poria fim ao tráfico, que não faz mal à saúde, que nunca tinha visto ninguém prejudicado por usar, que o álcool é muito mais prejudicial, assim como o fumo. Contra-argumentamos, é claro, enfatizando os males causados pelo álcool e fumo, mas dando conta de que muitos que tiveram experiência com o vicio disseram que “é uma roubada”, que é porta para outras drogas, que o cheiro é insuportável, como pode um fedor daquele proporcionar prazer, que está ligado a outras atividades ilícitas, etc. Por fim concluí que autorizar a passeata sobre qualquer assunto é melhor do que proibir passeatas de qualquer tipo. Quem tem lembrança dos tempos de proibição deve concordar. Assim como eles marcham a favor, que bom que posso falar contra. Viva a liberdade de expressão! Chegamos ao Shopping Frei Caneca. A jovem se despede, vai ao cinema na Augusta. Fiquei pensando que quando somos jovens defendemos bandeiras com uma certa ingenuidade. Bateu uma saudade dos meus anos teens. Acreditar numa causa. Ter uma bandeira. Na idade dela eu sonhava com um país melhor, com liberdade, educação, moradia para todos, almejava o ofício de lecionar como ideal, para melhorar o país, amizade para mim sempre foi coisa séria, não perdoava o que no meu conceito era traição e hoje eu sei - muito do que eu concebia - simplesmente não existe. Sabem o ideal romântico de tudo? É por aí... O trânsito voltou à normalidade. Itamar repousa nas Minas Gerais. De São Paulo para Minas. Ah! Hoje seria aniversário de meu pai. Um mineiro que repousa em São Paulo. Os carros trafegam livremente, tudo volta a fluir. Quem está na Consolação já pode ir livremente ao Paraíso. Afinal, hoje é sábado. 02/07/11
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 04/07/2011
Alterado em 05/07/2011 |