O preconceito no Brasil tem muitas nuances, olham com viés o pobre, o feio, o gordo, o muito magro, o muito branco, o gay, o muito rico, o deficiente, enfim acho que não aprendemos a conviver com o diferente.

Creio que é neste contexto que o negro se situava, porque ele mesmo se escondia, acho que atualmente isto já mudou, ou está mudando.

De uma maneira geral, parece que a sociedade brasileira se incomoda com tudo que é diferente no nível da aparência, isto é, tudo que aparece, que pode ser visto.

Porque se algum valor for transgredido, mas hipocritamente escondido, ela aceita.

Por exemplo, o aborto. Todos condenam, ninguém declara, mas é sabido que é praticado, principalmente entre os casados.

Em famílias tradicionais, aceita-se o aborto, sendo este preferível  do que o fato visível de uma solteira assumir a maternidade.

Um homem casado ou solteiro pode ter com prostitutas, desde que discretamente. Se o fato vem a público, é um escândalo.

O País de diz o maior país católico, mas as pessoas adotam paralelamente outras práticas.

Nessa linha de pensamento, o brasileiro, que dizia não ser preconceituoso, foi desmascarado na sua hiprocrisia e cinismo e ainda não sabe lidar com os avanços que estão tendo as ditas minorias (será que negro ou pobre é minoria?), os gays e entre esses os gays - podemos dizer homens - porque quando se trata das mulheres estas ainda são bastante discriminadas, lembremos finalmente os índios.

O assunto é complexo e necessitaria ser examinado multidisciplinarmente, tendo-se em conta como foi formada nossa sociedade e construídos os sistemas que a regulam.



20/11/2006
Publicado no Forum no Tópico sobre Consciência Negra - preconceito no Brasil.