ABANDONO (Exercícios)
No mundo, só, estende as mãos à sorte
Em gesto mudo onde a esperança é morta. Em gritos surdos nesta estrada torta Avança ao léu, alma sangrando em corte. O que recebe não é dom que o livre Da sua angústia, nem da dor que fere pois não se vence, ainda que se esmere na existência, sem um sonho crível Inoportuno sentimento nasce, Fala mais alto, inusitado, e dá-se uma vez mais um sonho bom, real. Afasta em si, por um momento, o Mal, Grande vazio sem uma causa forte Inglória luta contra Sorte e Morte. Por: Diana Gonçalves Dudu Oliveira Elischa Dewes Fiore Carlos Paulo Camelo Ronaldo Rhusso 18.12.09 *** Proposta de tema e técnica por Fiore Carlos Tema: Abandono Técnica: Decassílabo Sáfico - sílabas tônicas nas posições 4, 8 e 10 Esquema rímico: ABBA // CDDC // EEF // FGG (os dois últimos versos do derradeiro terceto retomam técnica e poeticamente rimas já presentes na primeira estrofe e valeu) Este exercício suscitou duas questões interessantes: a questão das rimas (V. parágrafo abaixo) e o movimento do poema, de modo que a estrofe inicial encontra consigo mesma no último terceto, sugerindo um fatalismo sem redenção, que as estrofes finais procuram atenuar, mas no fundo é apenas um eufemismo. Aplica-se aqui o comentário de um poeta amigo a um poema homônimo, que eu li e espelha a sugestão do trabalho concluído: “Abandono reflete um esvaziamento, o pessimismo inexorável e nenhuma possibilidade de redenção; penso numa atitude impiedosa que não deixe qualquer esperança para o eu-lírico. Um soco no estomago do leitor...” Oportuno o subsídio para as rimas, de autoria do recantista Fiore Carlos, encontrado no link: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/654358 ***
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 21/12/2009
Alterado em 06/01/2010 |