Dirce Carneiro - Diana Gonçalves

Textos

RITMO DE AQUECIMENTO NA ACADEMIA DE MANHÃ
Na minha vida, andar sozinha é pasto    
Tenho pra mim a imensidão bastante    
A corrigir erros e acertos tantos,
Que no final eu já nem sei se basto

Caminho livre, vou seguindo só                  
Removo cobras, mil lagartos, feras
Os invejosos não conheço mais
E os jacarés mostram seus dentes brancos

Ecologia, grande mote dá
Mico-dourado em extinção é cá
Bela jubarte seus filhotes cria
Sabida foge de tão água fria

Não sei se agrado mas não ligo viu
Danço no ritmo da canção no ouvido
Calo nos pés é osso pro podólogo
Para o psicólogo vai o grilo em mente  

Obesidade é assunto do momento
A causa dela é só batata frita
É mais esperto agora neste tempo
O indivíduo que mais alto grita

Poluição danada males causa
E se correr o bicho pega sim
E se ficar não sobrará ninguém
Para andar de automóvel flex

No carnaval não quero ver a chuva
Ver folião a desmanchar em choro
Co’a fantasia já rasgada e suja
Na enxurrada do bueiro roto  

Dois mil e dez ao colocar meu voto
Urna trancada mui disposta e presa
Não saberão íntimo voto posto
Mas o meu riso ecoará de lá!

Não há vitória com trabalho fácil
Todo troféu tem seu suor em lustro
Toda conquista quando é mais difícil
Fala de gesto que teve alto custo

Isto acontece quando foge a musa
E parceria corta todo laço
Se o Palmeiras vai jogar co’a Lusa
E Lula dorme falando erro crasso
Brasília dorme só após bagaço
E mais dois eRRes pro Timão golaço
E nois que é povo tamo em tal melaço
Enquanto isso mel da vida é aço
No Tietê quando não chove é traço

Lá no Planalto sempre tem churrasco
Com o dinheiro anotado em lista
E todo o tempo que eu só tenho gasto
No crediário a perder de vista

Também ocorre dona musa falta
Não bate ponto pra acolher incauta
A dedilhar os furos desta flauta
Para que cérebro se ligue em alfa

Chama perdido se a musa foge
Com tanto medo ela até treme e ca..la
Então eu tranco esta fujona em mala
Para mostrar quem é que manda hoje

Inspiração quando se sai infiel
Pra enciumar e pirraçar quem ama
A gente amarra ela no pé da cama
Pega emprestada uma qualquer ao léu

Alguns dirão que não estou tão séria
Circunspecção solicitada para
Reconhecer capacidade e mérito
Saber voar tal bruxa faz com vara

Labirintite não me deixa sóbria
Este girar é tal sofrer ruim
Fazer mais versos já não posso assim
Eu não escrevo mas minha alma cobra

Sou toda prosa quando escrevo verso
Nesse universo não achou poesia
Corre na frente a reclamar co'a tia
Quem sabe tem pra esta letra um nexo

Que é meter esta caneta safa
No porta treco sobre móveis claros
Tudo então cessa e o cala boca abafa
As dissonâncias de poetas raros

Não vou rimar palavra flor com dor
Só pra dizer que deste Olimpo sou
Eu vou soar sopro do vento em voo
E rimo amor só com paixão se for
E rimo amar com um sublime amor
E rimo amar com o primeiro amor
E rimo amar com derradeiro amor
E rimo amar com variado amor
E rimo amar com loucura e amor
E rimo amor só com amor sem dor
E rimo amor só com amar com dor
E rimo amor só se ganhar a flor
E rimo a flor se preciosa for
E rimo a dor quando vier o amor
E rimo amor quando se for a dor
E rimo amor com um brilhante em cor
E rimo a cor com tão imenso amor
Amor ou flor sem dor ou cor se for
Com bronzeador sem por a dor na cor
E vou rimando no gerúndio o amor


17.12.09
Generalidades em decassílabos sáficos, eventualmente rimados.
A malhação foi com ritmo
DIANA GONÇALVES
Enviado por DIANA GONÇALVES em 17/12/2009
Alterado em 17/12/2009


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